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Foto do escritorDra Fernanda Tso

Vacinação HPV - Afinal, quantas doses é preciso?

*Por Dra Fernanda Tso   Médica assistente do Departamento de Ginecologia da UNIFESP e médica docente da FICSAE. Dedicada ao combate do câncer de colo do útero 

 


Mão vestida com uma luva branca e segurando uma seringa contendo a vacina
Você sabe como prescrever a vacina?

Em anos de grandes eventos, como a copa do mundo, todo brasileiro se torna técnico de time de futebol. Da mesma forma, com a emergência da pandemia, nos tornamos especialistas em COVID-19 e vacinação. Mas, e sobre a vacinação contra o HPV que está em destaque nos noticiários nos últimos dias, o que você sabe?  

 

Neste artigo, trazemos informações científicas atualizadas para esclarecer todas as suas dúvidas sobre os benefícios da vacina contra o HPV! 

 


Cobertura Vacinal Exemplar 


Em países onde a cobertura vacinal contra HPV atinge a maioria do público alvo de forma consistente há mais de 15 anos, observa-se uma significativa redução na incidência de verrugas genitais, lesões pré-cancerosas e câncer do colo do útero. Austrália e Suécia são dois exemplos.     



Esquema Vacinal Brasileiro 


Desde 2014, o Brasil faz parte dos países que disponibilizam, por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI), a vacina quadrivalente contra o HPV, abrangendo os tipos 6, 11, 16 e 18, para adolescentes de todos os gêneros. Infelizmente, a adesão ainda não atingiu o nível recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de 90% de cobertura. Apenas 76% das meninas brasileiras receberam a primeira dose, caindo para 56% o número das que receberam a segunda. Entre os meninos, a situação é ainda mais desafiadora, com somente metade da população alvo sendo vacinada.   


Até março, o esquema vacinal recomendado pelo Ministério da Saúde incluía duas doses da vacina quadrivalente (disponível somente no SUS), administradas com intervalo de seis meses para pessoas saudáveis entre 9 a 14 anos. Para aquelas com condições que afetam a imunidade, como HIV, transplantes e tratamentos oncológicos, a recomendação era de três doses, estendendo a elegibilidade para até os 45 anos de idade.  

 


Recomendações da OMS e Novas Diretrizes do Ministério da Saúde 

 

Com base em estudos recentes, o grupo estratégico de "experts" em imunização da OMS sugere o esquema de uma ou duas doses para adolescentes até 20 anos, esquema de duas doses para aquelas a partir de 20 anos com intervalo de 6 meses entre as doses e três doses para indivíduos imunossuprimidos. Em uma mudança significativa, no dia 02 de abril de 2024, o Ministério da Saúde adaptou suas diretrizes para uma dose única nos jovens entre 9 e 19 anos, seguindo as recomendações e visando uma maior cobertura vacinal em pessoas até os 15 anos de idade, quando a resposta imunológica do corpo é altamente eficaz. Importante detalhar que para as pessoas imunocomprometidas está mantido o esquema de vacinação anterior com três doses (0-2-6 meses), bem como, para as vítimas de violência sexual, cujo número de doses depende da faixa etária. 

 


A vacinação em dose única facilita a implementação governamental reduzindo os custos públicos e aumentará a adesão do público alvo. 

 


Vacinação na Saúde Privada 

 

A vacina nonavalente, contra os nove tipos de HPV 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58, está disponível no Brasil há um ano apenas em serviços de saúde privados. As recomendações são de duas doses para pessoas com até 20 anos e três doses acima dos 21 anos em pessoas saudáveis.


Juntos, os cinco tipos de HPV cobertos pela vacina nonavalente, e ausentes na vacina quadrivalente, são responsáveis por 15 a 20% dos casos de câncer de colo do útero. Pessoas que foram vacinadas com vacinas bivalente ou quadrivalente podem receber novo esquema com a vacina nonavalente desde que já tenha completado um ano da última dose do esquema antigo.    


Quadro com descrição das doses recomendadas por faixa etária e rede de atendimento público e privado
Esquemas vacinais atualizados (Março, 2024)

Mitos Sobre Vacinação  

1) Não há necessidade de realizar exames antes de se vacinar; 


2) Pessoas com lesão ativa e que foram ou serão submetidas a tratamento têm indicação para vacinar, pois a chance de recidiva reduz em até 40%; 


3) Pessoas que tiveram contato ou estão com infecção pelo HPV também têm indicação;   4) A vacina não é capaz de tornar a pessoa positiva para o vírus, bem como não tem capacidade de gerar lesão;   5) Atenção pais e responsáveis: receber a vacinação contra HPV não estimula o início precoce da atividade sexual!    6) E mais: mesmo com uso consistente e correto, os preservativos não previnem 100% das infecções!   7) Vítimas de violência sexual têm direito às doses da vacina pelo SUS em todo território nacional.  

 


Pronto, agora você é especialista em vacinação contra o HPV!   Mas de nada vai adiantar se não se vacinar e não vacinar quem você ama! :)


 

Quer saber tudo sobre HPV? Leia aqui



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